MEME: O primeiro console a gente nunca esquece – Super Charger (o primo pobre do Famicom)

Este post é parte do meme “O primeiro console a gente nunca esquece”. Se você tem um blog e também deseja participar, basta primeiro criar um post sobre o tema, e me avisar aqui nos comentários para que eu coloque um link para o seu post na lista de blogs participantes.

E lá vamos nós tentar movimentar um pouco esse blog de meia-tijela depois de quase dois meses sem posts!!

Esse post será um pouco diferente dos outros. Mas será por uma boa causa!

Se você acompanha a blogosfera retrogamer regularmente percebeu que nessa semana ela foi contaminada por um meme irresistível concebido pelo André Breder, do Gagá Games. O meme em questão convida os participantes a vasculharem as suas lembranças nostálgicas em busca de relatos a respeito do seu primeiro videogame. Até o presente momento, temos mais de 20 participantes, enchendo a blogosfera com seus relatos emocionados, levando inúmeros retrogamers as lágrimas.

Dessa forma, mesmo eu não tendo sido convocado formalmente (além do fato de que esse é um blog sobre jogos de fliperamas), resolvi dar uma de intrometido e dar a minha contribuição a esse leviatã em forma de meme!!

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Pegamos o nosso DeLorean e vamos voltar mais de duas décadas no tempo! Mais precisamente ao ano de 1988!!

Eu era uma criança alegre, feliz e levada de 8 anos cujas preocupações eram:

– Brincar na rua com os amiguinhos o maior tempo possível;
– Ver a maior quantidade de desenhos animados no Bozo, seriados “Super Sentai” no Clube da Criança, e episódios do “Sítio do Pica-Pau Amarelo (o antigo, não essa abominação mais recente que passava na Globo) que os meus olhinhos castanhos pudessem aguentar;
– Se livrar dos deveres do colégio o mais rápido possível;

Como podem ver, eu era uma criança com muitas responsabilidades!! =D

Mesmo com todo essas atribuições felizes para uma criança, parecia que faltava algo, parecia que havia um vazio no âmago da minha alma que precisava de algo revolucionário, que me tirasse da zona de conforto e que me levasse aos mais lugares mais distantes, e viver as mais maravilhosas aventuras.

Algumas pessoas optam por uma viagem ao redor do mundo, outras por uma mudança radical de carreira. Como eu era apenas uma criança, a resposta era bem simples: UM VIDEOGAME!!!

Alguns anos antes, o meu irmão arrumou um Atari emprestado de um amigo dele (não me lembro o modelo). Naquela ocasião, eu apenas acompanhei-o. Mas aqueles instantes como espectador foram suficientes para despertar em mim o desejo por ter aquela máquina tão poderosa, que poderia, enfim, ser a solução para todos os meus problemas e angústias!

Sim, eu sei que estou sendo dramático demais nas minhas palavras, mas estamos falando de uma criança de 8 anos!

E eis que, voltando do colégio, vejo na minha frente uma caixa, embrulhada para presente.

Ao ver aquele objeto, pensei: Mas peraí! Não é o meu aniversário! Será que….

E antes que o meu cérebro completasse a frase, fui tomado por um instinto quase que irracional e comecei a dilacerar aquele papel de presente, não deixando pedra sobre pedra dele (bom, crianças ansiosas de 8 anos não possuem coordenação motora para desembrulhar presentes tão esperados!).

E, após a chachina do pobre e indefeso papel de presente, o paraíso se fez diante dos meus olhos:

A maravilha em 8 bits!!!

Antes que eu continue essa saga, cabe ressaltar um ponto importante dessa época e explicar o cenário gamístico brasileiro no final da decada de 80.

MOMENTO CULTURAL – RESERVA DE MERCADO

No início dos anos oitenta criou-se uma lei por meio da qual proibiu-se as importações de aparelhos eletrônicos computadorizados (microcomputadores e videogames). Ao mesmo tempo em que houve a proibição, incentivou-se a fabricação nacional de tais aparelhos, que supostamente estariam “protegidos” pela lei.
No fundo, criou-se uma saudável “pirataria legalizada” através da qual algumas empresas nacionais lançaram “clones” de videogames norte-americanos. Esse processo de clonagem industrial é conhecido como engenharia reversa, pois se aprende a fabricar determinando aparelho a partir da desmontagem e do estudo do produto original. Uma curiosidade: alguns clones, inclusive, trouxeram melhorias em relação aos “verdadeiros”. O fator que não pode passar despercebido ao leitor: as empresas nacionais responsáveis pelos clones nunca pagaram um tostão sequer de royalties e de direitos autorais aos respectivos fabricantes; e isso graças à Reserva de Mercado.

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Depois dessa explicação rápida, voltamos ao texto.

O meu primeiro videogame foi exatamente um desses “clones legalizados” produzidos pela reserva de mercado na época (e que continua até hoje). O nome dele: Super Charger! No caso, ele era não só um clone do Famicom (o NES da terra de olhinhos puxados) não só na sua arquitetura (aceitava apenas cartuchos com 60 pinos), mas também no seu design:

Homenagem ou plágio? Você decide! =D

Bom, seja qual for a resposta da legenda acima, só sei que ele foi um grande companheiro durante 6 anos! Foram inúmeras tardes e noites perdidas com Top Gun (que veio com o cartucho – maldito avião que não consegue pousar naquele porta-aviões!!), Battletoads (sim, o jogo maldito), Yie Ar Kung Fu (eu era fera nesse jogo!), Super Mario Bros. (o do bigode não poderia ficar de fora!), Double Dragon, Mighty Final Fight (um dos melhores jogos do console), Gradius, Salamander, Tiger Heli (amo esse jogo!) e inúmeros outros que essa mente já um pouco rodada não se recorda. Foi uma época mágica, o sonho de qualquer garoto. Pelo menos até eu ganhar o Super Nintendo em 1993, mas aí é outra história.

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BONUS-STAGE: O primeiro Arcade (ou Fliperama) a gente nunca esquece!

Como esse post só falou de console até agora, tenho que dar um jeito de encaixá-lo no contexto geral do blog. A saída: falar também do meu primeiro contato com a outra maravilha tecnológica: os fliperamas.

Mais uma vez pegamos o nosso DeLorean e vamos ao ano de 1990. Numa bela manhã, estava voltando do colégio. Era uma boa caminhada, de mais ou menos 15 minutos. E sempre passava por um bar, onde, entre outras coisas que são comuns até hoje de se encontrar em tal estabelecimento (ovo colorido, aquele pernil que acompanhou a Copa do Mundo de 1982, pessoas não tão distintas), havia algo, bem no canto do bar, que acabou chamando a minha atenção. E não só a minha, mas a de muitas crianças e adolescentes, já que haviam várias quase se acotovelando para observar.

Como toda criança de 10 anos curiosa, fui lá, de uniforme e tudo, para ver o que estava acontecendo. E, mais uma vez, o paraíso se abriu diante dos meus olhos:

Ô lá em casa!!!

Era simplesmente mágico! Estava anos-luz à frente do meu amado Super Charger que eu tinha em casa!! Foi quase que amor à primeira vista!! Mas, naquele momento, eu só podia acompanhar o que estava acontecendo.

Esperei alguns minutos, até o espaço ficar vazio. Reuni toda a minha coragem (já que minha mãe sempre recomendava não entrar em bar, pois não era um local para que um menino ficasse), caminhei até o balcão e perguntei:

– Como eu faço para jogar aquele jogo?

Pois é, meus caros (2) leitores! O pobre mancebo que vos fala não tinha a menor idéia de como fazia para poder jogar aquele fliperama!

Após a explicação do dono do bar, vasculhei os meus bolsos e a minha mochilha, na ânsia de conseguir os trocados necessários para comprar não uma, mas DUAS fichas. Não lembro qual era o preço na época, mas não era muito caro. Por sorte, tinha economizado no dinheiro do lanche, e tinha o dinheiro necessário. Pedi para o dono do bar uma ficha e corri desesperadamente para o Arcade em questão. Coloquei a ficha no compartimento adequado. O resultado:

Claro que o meu desempenho foi bem pior do que o mostrado nesse vídeo, mas os poucos segundos que duraram as minhas duas fichas foram suficientes para que o local fosse parada obrigatória e diária após o colégio durante mais de um ano. Após esse encontro, conheci vários outros Arcades, e gastei quase que o PIB de um país neles (um pouco de exagero não faz mal a ninguém)!! Talvez eu até comente mais detalhadamente sobre esse jogo futuramente!

Bom, essa foi a minha contribuição para o meme. Mas nós temos inúmeros blogs que estão participando. Se você se trancou para o mundo durante uma semana e não sabe o que está acontecendo, dê uma olhada nesses links aqui e embarque nessa onda de nostalgia com os participantes do meme:

E não esqueçam de comentar também por aqui, além de tentarem advinhar qual é o jogo que está no cabeçalho!
Até a próxima e bons games (e lembranças) a todos!!

Sobre A.L.A.S.

Um indivíduo extremamente saudosista e retrogamer disposto a ser um "Indiana Jones" dos arcades! =D
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22 respostas para MEME: O primeiro console a gente nunca esquece – Super Charger (o primo pobre do Famicom)

  1. Pingback: Gagá Games » O primeiro console a gente nunca esquece: Odyssey

  2. Carlos Eduardo de Farias Candido disse:

    Cara belo post!!! O jogo do cabeçalho seria o “Saturday Night Slam Masters”???

    Cara meu primeiro video-game foi o telejogos II, que saudade!!! Depois eu ganhei um SNES. Agora eu to fazendo a minha coleção! Já comprei meu Atari 2600 e meus 2 SNES, um modelo baby e o modelo americano!!!

    Que saudade!!!

    Valeu!

    • A.L.A.S. disse:

      Fala Cadu!

      Valeu pelos comentários. Aproveita e dá uma olhada nos outros posts que estão participando do meme (é só clicar no nome dos blogs no final do post). Têm muitas histórias legais nessa lista.

      Abraços!

  3. Pingback: Gagá Games » O primeiro console a gente nunca esquece: Dactar

  4. GLStoque disse:

    E os famiclones continuam fazendo miséria na infância dos retrogamers!
    Arrasô!

    Lembro perfeitamente da primeira vez em que joguei KOF 97′ em um fliperama sozinho, com meu prórpio dinheiro e tudo mais… senti uma emoção inexplicável trocando de SF vs. X-Men, Double Dragon e Kof 97… foram muitas moedas gastas com isso. Bons tempos!

    Adorei o post.
    Parabéns!

    • A.L.A.S. disse:

      É isso mesmo, Famiclones rules!!!!!

      Pois é, tão impactante quanto o primeiro console, é a primeira visita ao paraíso da jogatina que eram os fliperamas. E como esse é um blog sobre eles, tinha que incluir esse “Bônus-Stage”.

      E já retribui a visita no seu blog!

  5. Diogo Farias disse:

    Muito legal o post!
    Arrasou com o Super Charger!

    Eu nasci em 1990, por isso não sei muita coisa sobre a história do video game aqui no Brasil nos anos 80… Você revelou muita coisa aí que eu não conhecia!
    Porque, o Fliperama veio ao mundo antes do console caseiro, então, pensava que no Brasil havia acontecido a mesma coisa, mas parece que não né…

    A minha história é bem diferente da maioria, quando nasci minha mãe jogava Dynavision (o primeiro mesmo, não o 3), que era clone do Atari 2600. Quando eu era pequenininho, minha mãe comprou pra mim e meu irmão um Master System, nunca tive um cartucho, só jogava o Sonic The Hedgehog que veio no console, não me lembro muito bem, mas meu irmão disse que eu passava madrugadas jogando com a minha mãe pra zerar aquele jogo que hoje termino em cerca de 40 minutos… Haha.

    Legal, não conhecia o Blog, vou aparecer mais por aqui! 😉

    Um abraço!

    • A.L.A.S. disse:

      Valeu pelos comentários. Aproveita e acompanhe os outros blogs que participaram desse meme, têm posts sensacionais por lá….

      Sobre os fliperamas, não posso dizer ao certo se eles vieram antes ou depois que os consoles por aqui. O que sei é que, assim como nos consoles, eles chegavam como novidade por aqui com um certo atraso.

      E valeu por acompanhar o meu blog, só não espere posts periódicos por aqui. Não sou o blogueiro mais relapso da blogosfera retrogamer por acaso…=D

  6. Adinan disse:

    Eu não conhecia esse blog, que é muito bom! Arcades eram tudo de bom, meu primeiro contato com games foi através do Jungle King! Vou frequentar mais o seu blog! =D

    Cara, esse clone era muito legal hein? Apesar de dizerem que o Famicom se parecia mais com um brinquedo, eu sempre curti o design dele, e o Super Charger homenageou muito bem o original! Só conheci o NES na casa de amigos, mas bem que eu queria ter tido uma dessas belezinhas, tinha muito jogo bom que eu não conheci, como Megaman. Só uma dúvida: o que faziam os dois switches no segundo controller, eram funções de turbo?

    Excelente post, tá adicionado no QG Master! Abraços

    • A.L.A.S. disse:

      Fala Adinan!

      O seu blog também é bem legal. Mesmo eu sendo “Nintendista”, eu gosto bastante dos jogos do Master, e é sempre bom ter um blog falando sobre ele.

      Dos famiclones brasileiros da década de 80, o Super Charger era o mais estiloso na minha opinião. O único “defeito” dele é que só aceitava cartuchos com 60 pinos. E sobre os switches: eram funções turbo mesmo. O controle tinha até o “luxo” de possuir dois níveis de turbo. Eram bastante úteis em shoot’em ups, por exemplo!!

      Aliás, você me lembrou que tenho que adicionar uma aba de blogs amigos aqui. E valeu por acompanhar o meu blog, só não espere posts periódicos por aqui. Não sou o blogueiro mais relapso da blogosfera retrogamer por acaso…=D

  7. Pingback: O Primeiro Console A Gente Nunca Esquece: Atari 2600* « Cosmic Effect – Videogames Ontem e Hoje

  8. Solo Player disse:

    Cara, que bacana seu post, linguagem bem descontraída, lembrou de forma pontual a questão de como eram os fliperamas daquela epoca e o que as mães sempre falavam para gente, tá de parabens, excelente participação acrescentou mais um pouquinho nesse emaranhado…

  9. Leonardo disse:

    Eae blz?
    coloca meu link na matéria ” primeiro console agente numca esquece”
    http://dosersgames.blogspot.com/2011/05/o-primeiro-console-gente-nunca-esquece.html
    Valeu!

  10. Pingback: O primeiro console a gente nunca esquece parte 2 – 1/2 SNES + 1/2 Master System | 1/2 Orc

  11. Pingback: O primeiro console a gente nunca esquece: Mega Drive e Super Nintendo | 1/2 Orc

  12. brk disse:

    Nossa, mto bom voltar no tempo, eu comecei nos arcades em 1993, com MK I e cdillacs e dinossauros…..

  13. Ritalinando disse:

    Nunca é tarde pra ler o post do Meme…rs…

    Adorei sua experiencia com o changeman, quer dizer…super charge!! O cloNES é uma gracinha, mas esse fio lateral é de matar!!

    Amei o bônus com o 1º arcade, muito charmoso!

  14. ALAS 1 disse:

    Fala Mano!! Aquele é o nosso Nintendo Dolly?!! Que maneiro!! Não sabia que ele estava no limbo da nossa casa!!! Que saudades daquele tempo, principalmente porque os jogos do Nes foram os únicos que eu consigui virar (depois de esforços comunais!!). E o porta-aviões do Top Gun era totalmente hard!!! Como vibrei quando virei este jogo e o Mário 1!!! Abraços mano e estou sempre por aqui!!

    • A.L.A.S. disse:

      Fala Mano velho!!

      Não, infelizmente não é o nosso antigo “clone do Nintendo”. Mas eu vou correr atrás dele, mesmo que para isso eu tenha que comprar outro semelhante.

      Sim, pousar aquele maldito avião é mesmo hard demais!

      Valeu mesmo por prestigiar o blog e continue doutrinando a Laura (e futuramente a Sofia) no mundo maravilhoso dos video-games, hehehe…

  15. helinux disse:

    a primeira vez que eu vi um supercharger foi no shopping de Brasília numa loja de eletrodomésticos e estava com o jogo yo noid ligado e tinha gremilins II para vender…na época o video game era muito caro,,,bons tempos, uma clássico mesmo!!!!!!

  16. aki é rock disse:

    Muito bom post Alas olha que o meu primeiro game foi um Atari e depois foi Top Game e esse sim foi o que eu vurti pra caramba viu .

  17. helinux disse:

    a primeira vez que vi o supercharger…lembro que foi numa locadora e ali estava como o cartucho yo noid,,,,e logo em seguida lembro de ter visto o cartucho para venda do gremilins 3,,,,,bons tempos,,,,joguei muito mario bross no video game!!!

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